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01-04-2003

Mentir pode ser um vício


Dia das Mentiras

Dia das Mentiras Mentir pode ser um vício, como o álcool ou a droga A mentira pode ser uma dependência que, como qualquer vício, só é tratada quando o mentiroso assume que mente. Longe das inocentes partidas que se pregam no Dia das Mentiras, pode isolar e causar sofrimento. A mentira pode ter contornos de dependência tal como o álcool e a droga, quando é dita de forma compulsiva, ou seja quando a pessoa tem consciência de que está a mentir mas não consegue controlar esse impulso. Nestes casos, provoca sofrimento no próprio mentiroso compulsivo e nas pessoas mais próximas dele, embora seja uma doença passível de ser tratada, tanto ao nível da psiquiatria como ao nível da psicologia clínica. O primeiro passo para o tratamento é a pessoa assumir que tem um problema, que mente compulsivamente e que precisa de ajuda. Sem isso, qualquer forma de terapia é impossível. Jorge Gravanita, psicólogo e membro da Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica, explicou que «o primeiro passo para o tratamento é a pessoa assumir que é dependente da mentira e querer libertar-se de algo que a tem vindo a prejudicar«. «O tratamento é a busca do conhecimento de si próprio que permite que a pessoa se liberte desta bengala que é uma mentira«, disse. Também para o psiquiatra Pacheco Palha, um mentiroso compulsivo «não tem perda de juízo, pode ter é perda de capacidade de controlo«. Por isso - defende - «o primeiro passo para se tratar é reconhecer que tem uma perturbação ao nível do controlo dos impulsos«. «A compulsividade revela-se em estruturas obsessivo- compulsivas e é um mecanismo patológico, como a cleptomania« (vício de roubar), disse o médico, acrescentando que a pessoa «até pode ter sofrimento ao reconhecer que não a domina«. Pacheco Palha concorda que um mentiroso é comparável a um alcoólico ou um toxicodependente, na compulsividade, mas sobretudo com «o obsessivo, que tem que lavar as mãos mais de 50 vezes por dia porque acha que estão infectadas«. A mentira pode inclusivamente isolar a pessoa, por ser um factor anti-social, muito embora «a rejeição do doente dependa sobretudo dos estragos que provoca à sua volta«. Já o psicólogo considera que a «mentira prejudica mais a nível individual do que social«, porque limita o contacto da pessoa com a realidade, afastando-a «daquilo que ela é«. Não há no entanto muitos casos de mentirosos compulsivos, tanto que não existe um nome para este problema da mentira constante. Em termos psicológicos, este vício é associado a uma «personalidade mentirosa«. Em psiquiatria, é enquadrado nas personalidades psicopáticas. Segundo Pacheco Palha, não há razões para pensar que este tipo de doenças tenha alguma origem específica, como traumas de infância ou insegurança emocional. O médico afirma que tem a ver mais com a estrutura base do que com acontecimentos. São pessoas que estão «talhadas geneticamente, com desregulações neuro-biológicas e neuro-químicas«. Mas também há traços que podem vir a degenerar em doença. Esses traços são susceptíveis de ser identificados, sendo essa identificação importante, por permitir uma «prevenção rápida e primária«, disse. Os sinais podem ser a meticulosidade, o colocar cada coisa no seu lugar de maneira formal, a repetição de certos gestos, em suma o ritualizar muito do processo do dia a dia, exemplificou, indicando que se trata de pessoas muito pouco plásticas e maleáveis, que sentem grande ansiedade quando não agem de determinada forma. Além da prevenção, é possível o tratamento, através de remédios que permitem reduzir a compulsividade e aumentar o auto- controlo. Tanto o psicólogo como o psiquiatra convergem na ideia de que hoje em dia não se mente mais, mas mente-se de outra maneira. Jorge Gravanita afirma que a mentira «sempre existiu, mas vai tomando novas formas, consoante a sociedade. Tem vindo a refinar-se e a refinar a sua capacidade de se tornar enganadora«. «As pessoas mentem de maneira mais sofisticada, daí o aparecimento de personalidades mais complexas«, sublinha. Pacheco Palha entende que hoje se mente em consequência da perda de valores na educação, numa sociedade consumista que valoriza o ter em detrimento do ser. Mas a mentira tem muitas faces e, na perspectiva do psicólogo, «quer sempre dizer alguma coisa«, funcionando como uma «espécie de ecrã, no qual é filtrada a realidade«. Pode ser, num adulto, uma forma de a pessoa se «auto-enganar e assim diminuir o choque daquilo que provoca dor«. Nas crianças, pode ter um contexto de auto-defesa, visando a protecção contra qualquer coisa que é mau«. Na perspectiva do psiquiatra, a mentira aparece nas crianças como parte do seu crescimento mas num adulto pode ser sinal de uma personalidade com má estruturação, ou tão só de falta de valores e reflexo de uma personalidade desonesta. Longe de todas estas, há ainda um outro tipo de mentira, porventura a mais inocente e inofensiva. É aquela que funciona como jogo e que quase todos dizem a 1 de Abril, o dia que comemora a mentira como brincadeira social. Lusa (31 Mar / 18:49)

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